segunda-feira, outubro 31, 2011
terça-feira, outubro 18, 2011
Sementes crioulas e transgênicas...realidades antagônicas
Sementes crioulas e sementes transgênicas... realidades antagônicas
A iniciativa, associada à inclusão produtiva rural do Plano Brasil Sem Miséria, envolve o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Esta ação é complementar ao fomento produtivo, que articula a oferta, a partir deste mês, de assistência técnica, sementes adaptadas da Embrapa e o Fomento Produtivo - transferência direta de R$ 2,4 mil por família, para 33 mil famílias neste ano, entre agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais e assentados.
Essa boa notícia foi divulgada na segunda-feira (10) pelo jornal Folha de São Paulo. De acordo com o jornal, "o governo decidiu comprar de agricultores familiares R$ 10 milhões de um tipo rústico de semente para doar à população extremamente pobre - com renda individual de até R$ 70 mensais".
A ação faz parte do Plano Brasil Sem Miséria e será anunciada nesta sexta-feira (14) pela presidente Dilma Rousseff, durante a assinatura de um pacto na região sul para o cumprimento do programa.
A compra será feita por edital, a ser lançado, que selecionará quais pequenos produtores venderão sementes. A aquisição beneficiará 2200 famílias, que poderão receber até R$ 4.500 pela venda. "Para você garantir maior distribuição de renda, é interessante canalizar esse poder de compra do governo federal para os agricultores mais pobres", disse Maya Takagi, secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social. "Em vez de você comprar das empresas, adquire uma parte disso da agricultura familiar", afirma.
A chamada semente crioula é menos produtiva do que as tratadas geneticamente, porém sua produção é mais independente do uso de tecnologia e pode se adaptar melhor à região nativa. A necessidade de aquisição das sementes decorre do fato de a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) não possuir esse tipo de insumo, disse Takagi.
A Embrapa, segundo ela, trabalha com sementes já modificadas para condições específicas. Cerca de 150 toneladas começarão a ser distribuídas, na quinta, para 43 mil famílias de Minas Gerais.
Não vou discorrer sobre os princípios e tratados assinados pelo Brasil (Princípio da Precaução, Convenção sobre a Biodiversidade, em itens relacionadas à agrobiodiversidade, como a BFN - Biodiversidade, limentação e Nutrição -, Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura da FAO - TIRFAA - e Global Plan of Action - GPA), pois são sumariamente desconsiderados pela CTNBio. Pois vamos aos fatos científicos desprezados por aqueles que acham obscurantismo se preocupar com a pulação brasileira que come diariamente em média 170 gramas de feijão, praticamente a vida toda.
Para garantir que não existe risco para a população de se alimentar com este feijão [transgênico] foram analisados 10 ratos, que foram alimentados por apenas 35 dias com o feijão transgênico comparados com o mesmo feijão não transgênico. Não foram avaliados, ao menos não foram apresentados, dados sobre os efeitos em animais em período de gestação e tampouco estudos de efeitos sobre mais de uma geração, previstos em normas da CTNBio.
Para as observações listadas a seguir foram avaliados apenas 3 ratos dos 10 iniciais, e os resultados foram: um maior tamanho das vilosidades no intestino delgado (jejuno), esta mesma tendência foi observada nas
avaliações do intestino delgado (íleo), mesma tendência também no intestino grosso (cólon). Avaliando os rins, observou-se que houve uma diminuição do tamanho dos rins (direito e esquerdo); houve também aumento no peso do fígado dos animais submetidos a dieta com o feijoeiro 5.1 da Embrapa.
A alegação para desconsiderar estas informações é que os dados não são estatisticamente significativos. Como se pode obter dados significativos com a avaliação de 3 animais alimentados durante 35 dias? Lembrando que a população brasileira consome durante toda a vida? Nenhuma revista científica séria no mundo aceitaria um trabalho destes para publicação com esta amostragem, mas os "cientistas" aceitaram.
Quando os dados foram estatisticamente significativos observados na planta do feijão, nos seguintes aspectos: a) no teor de vitamina B2 em grãos do feijoeiro Embrapa 5.1 comparados com seu parental; b) observada diferença estatisticamente significativa para o teor de Cisteína (aminoácido) entre o evento Embrapa 5.1 e seu parental, observada uma diferença estatística entre o evento Embrapa 5.1 e seu parental para o Extrato etéreo (gorduras), os "cientistas" não consideraram importantes em seu parecer.
Em todos os casos, o comportamento deveria ser idêntico entre o feijão Embrapa 5.1, e o seu parental - e não foram. Qual a causa destes resultados?
Informações estas que são alertas mais que suficientes para que uma pesquisa preocupada com a biossegurança analisasse o caso com mais rigor. Outro fato relevante é a falta de estudos com Rhizobium e nodulação no feijoeiro, característica importante em leguminosas. Quando levantado este questionamento, o presidente da CTNBio afirmou na última reunião que poderíamos ficar tranqüilos, "ele garantia que não seria afetada a fixação biológica", isto sem nenhum estudo realizado por ele ou pela Embrapa neste evento, numa demonstração clara de "isenção ideológica e alto espírito científico", em prol da aprovação.
Um fato muito importante a ser considerado é de que se trata da primeira liberação comercial no mundo de uma planta transgênica com esta construção genética, o que é motivo para comemorar, mas também para redobrar os cuidados antes de sua liberação.
A Embrapa informa que, no processo do feijão transgênico, a Embrapa 5.1 interage de forma diferenciada com cada genoma recepto, isto pode comprometer biossegurança ou o biorrisco do produto resultante dos
premeditados novos cruzamentos decorrentes da liberação pela CTNBio. A liberação comercial no evento Embrapa 5.1 é base para o desenvolvimento de variedades comerciais de feijoeiro, portanto a sua liberação implicará na possibilidade de ser utilizado em cruzamentos convencionais, com qualquer material de feijão e que, a partir daí, no entender da CTNBio, não necessita mais passar por avaliações da CTNBio, por ser considerado um cruzamento convencional em toda "Terra Brazilis".
Seria obscurantismo optar por mais estudos para esclarecer estas dúvidas, ou seria uma cegueira científica a desconsideração destes fatos?
A semente crioula é aquela que é cuidada (plantada, selecionada/melhorada, armazenada e trocada!) pelo agricultor à muitos anos, atendendo às necessidades particulares (escolha pelo tipo, sabor, etc.), assim como as características regionais - edafoclimáticas. As sementes são patrimônio naturais, porém, estão lentamente perdendo seu espaço (desaparecendo!) na natureza em função do avanço do melhoramento genético e biotecnologia, e dos monopólios do agribussines de sementes, agrotóxicos e afins.... Ou seja, os agricultores que antes cuidavam dela ano após ano só as encontram sementes tratadas/modificadas/envenenadas em lojas... Lógico, são sementes de alta prdodutividade e que exigiriam um outro sistema para o agricultor cuidar, com campos de produção específico para sementes, mas... que fiquemos cientes que estamos todos controlados... Tendo que conviver em realidades antagônicas.
O trabalho deve ser o de RESGATE de CULTURA para que não se perca de vez, o saber (e SABOR!) crioulo/tradicional e natural...com uma grande DIVERSIDADE de ESPÉCIES e ACESSO LIVRE aos recursos naturais.
Vejam estas cartilhas e a notícia abaixo e o artigo sobre o FEIJÃO Transgênico:
O trabalho deve ser o de RESGATE de CULTURA para que não se perca de vez, o saber (e SABOR!) crioulo/tradicional e natural...com uma grande DIVERSIDADE de ESPÉCIES e ACESSO LIVRE aos recursos naturais.
Vejam estas cartilhas e a notícia abaixo e o artigo sobre o FEIJÃO Transgênico:
Semente Crioula é legal: a nova legislação brasileira de sementes e mudas. ARTICULAÇÂO NACIONAL DE AGROECOLOGIA. Cartilha disponível em: http://www.asabrasil.org.br/UserFiles/File/semente%20crioula02.pdf
Semente Crioula: cuidar, multiplicar e partilhar. AS-PTA. jan, 2009. Cartilha disponível em http://aspta.org.br/wp-content/uploads/2011/05/Semente-crioula-cuidar-multiplicar-e-partilhar.pdf
O Governo Federal comprará, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), sementes crioulas das organizações da agricultura familiar. Serão reservados R$ 10 milhões para a iniciativa, que está também associada à estratégia de fomentar bancos de sementes comunitários.
O Governo Federal comprará, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), sementes crioulas das organizações da agricultura familiar. Serão reservados R$ 10 milhões para a iniciativa, que está também associada à estratégia de fomentar bancos de sementes comunitários.
R$ 10 milhões para compra de Sementes Crioulas
Fonte: MDS e Folha de São Paulo
A iniciativa, associada à inclusão produtiva rural do Plano Brasil Sem Miséria, envolve o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Esta ação é complementar ao fomento produtivo, que articula a oferta, a partir deste mês, de assistência técnica, sementes adaptadas da Embrapa e o Fomento Produtivo - transferência direta de R$ 2,4 mil por família, para 33 mil famílias neste ano, entre agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais e assentados.
Essa boa notícia foi divulgada na segunda-feira (10) pelo jornal Folha de São Paulo. De acordo com o jornal, "o governo decidiu comprar de agricultores familiares R$ 10 milhões de um tipo rústico de semente para doar à população extremamente pobre - com renda individual de até R$ 70 mensais".
A ação faz parte do Plano Brasil Sem Miséria e será anunciada nesta sexta-feira (14) pela presidente Dilma Rousseff, durante a assinatura de um pacto na região sul para o cumprimento do programa.
A compra será feita por edital, a ser lançado, que selecionará quais pequenos produtores venderão sementes. A aquisição beneficiará 2200 famílias, que poderão receber até R$ 4.500 pela venda. "Para você garantir maior distribuição de renda, é interessante canalizar esse poder de compra do governo federal para os agricultores mais pobres", disse Maya Takagi, secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social. "Em vez de você comprar das empresas, adquire uma parte disso da agricultura familiar", afirma.
A chamada semente crioula é menos produtiva do que as tratadas geneticamente, porém sua produção é mais independente do uso de tecnologia e pode se adaptar melhor à região nativa. A necessidade de aquisição das sementes decorre do fato de a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) não possuir esse tipo de insumo, disse Takagi.
A Embrapa, segundo ela, trabalha com sementes já modificadas para condições específicas. Cerca de 150 toneladas começarão a ser distribuídas, na quinta, para 43 mil famílias de Minas Gerais.
O feijão nosso de cada dia
17 de outubro de 2011
*José Maria Gusman Ferraz*
Pelas declarações do presidente da CTNBio, Edilson Paiva, parece que tudo é maravilha e que a nova tecnologia [feijão transgênico] numa atitude ufanista e perigosa, foi aprovada em bases científicas sólidas. E que todo argumento pedindo precaução e mais estudos para esclarecer pontos questionáveis apresentados no processo são puro obscurantismo e posições simplesmente ideológicas.
Não vou discorrer sobre os princípios e tratados assinados pelo Brasil (Princípio da Precaução, Convenção sobre a Biodiversidade, em itens relacionadas à agrobiodiversidade, como a BFN - Biodiversidade, limentação e Nutrição -, Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura da FAO - TIRFAA - e Global Plan of Action - GPA), pois são sumariamente desconsiderados pela CTNBio. Pois vamos aos fatos científicos desprezados por aqueles que acham obscurantismo se preocupar com a pulação brasileira que come diariamente em média 170 gramas de feijão, praticamente a vida toda.
Para garantir que não existe risco para a população de se alimentar com este feijão [transgênico] foram analisados 10 ratos, que foram alimentados por apenas 35 dias com o feijão transgênico comparados com o mesmo feijão não transgênico. Não foram avaliados, ao menos não foram apresentados, dados sobre os efeitos em animais em período de gestação e tampouco estudos de efeitos sobre mais de uma geração, previstos em normas da CTNBio.
Para as observações listadas a seguir foram avaliados apenas 3 ratos dos 10 iniciais, e os resultados foram: um maior tamanho das vilosidades no intestino delgado (jejuno), esta mesma tendência foi observada nas
avaliações do intestino delgado (íleo), mesma tendência também no intestino grosso (cólon). Avaliando os rins, observou-se que houve uma diminuição do tamanho dos rins (direito e esquerdo); houve também aumento no peso do fígado dos animais submetidos a dieta com o feijoeiro 5.1 da Embrapa.
A alegação para desconsiderar estas informações é que os dados não são estatisticamente significativos. Como se pode obter dados significativos com a avaliação de 3 animais alimentados durante 35 dias? Lembrando que a população brasileira consome durante toda a vida? Nenhuma revista científica séria no mundo aceitaria um trabalho destes para publicação com esta amostragem, mas os "cientistas" aceitaram.
Quando os dados foram estatisticamente significativos observados na planta do feijão, nos seguintes aspectos: a) no teor de vitamina B2 em grãos do feijoeiro Embrapa 5.1 comparados com seu parental; b) observada diferença estatisticamente significativa para o teor de Cisteína (aminoácido) entre o evento Embrapa 5.1 e seu parental, observada uma diferença estatística entre o evento Embrapa 5.1 e seu parental para o Extrato etéreo (gorduras), os "cientistas" não consideraram importantes em seu parecer.
Em todos os casos, o comportamento deveria ser idêntico entre o feijão Embrapa 5.1, e o seu parental - e não foram. Qual a causa destes resultados?
Informações estas que são alertas mais que suficientes para que uma pesquisa preocupada com a biossegurança analisasse o caso com mais rigor. Outro fato relevante é a falta de estudos com Rhizobium e nodulação no feijoeiro, característica importante em leguminosas. Quando levantado este questionamento, o presidente da CTNBio afirmou na última reunião que poderíamos ficar tranqüilos, "ele garantia que não seria afetada a fixação biológica", isto sem nenhum estudo realizado por ele ou pela Embrapa neste evento, numa demonstração clara de "isenção ideológica e alto espírito científico", em prol da aprovação.
Um fato muito importante a ser considerado é de que se trata da primeira liberação comercial no mundo de uma planta transgênica com esta construção genética, o que é motivo para comemorar, mas também para redobrar os cuidados antes de sua liberação.
A Embrapa informa que, no processo do feijão transgênico, a Embrapa 5.1 interage de forma diferenciada com cada genoma recepto, isto pode comprometer biossegurança ou o biorrisco do produto resultante dos
premeditados novos cruzamentos decorrentes da liberação pela CTNBio. A liberação comercial no evento Embrapa 5.1 é base para o desenvolvimento de variedades comerciais de feijoeiro, portanto a sua liberação implicará na possibilidade de ser utilizado em cruzamentos convencionais, com qualquer material de feijão e que, a partir daí, no entender da CTNBio, não necessita mais passar por avaliações da CTNBio, por ser considerado um cruzamento convencional em toda "Terra Brazilis".
Seria obscurantismo optar por mais estudos para esclarecer estas dúvidas, ou seria uma cegueira científica a desconsideração destes fatos?
*José Maria Gusman Ferraz é membro da CTNBio, pesquisador aposentado da Embrapa, professor de Mestrado em Agroecologia da UFSCar, pesquisador convidado do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp e diretor da Associação Brasileira de Agroecologia.*
*Artigo publicado no Jornal da Ciência (SBPC), em 06.10.2011*
sábado, outubro 15, 2011
quinta-feira, outubro 13, 2011
Instrução Normativa 46- Sistemas Orgânicos de Produção
A Instrução Normativa nº 64/2008 que dispunha sobre a Produção Animal e Vegetal Orgânica foi revogada e foi substituída pela IN nº 46/2011
Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1o8XBLL7I_1zvCafSAhiQzHs37y8ZEyR84oGcpoqOJmg/edit?hl=pt_BR
Mudanças mais significativas aconteceram nos itens relativos à produção animal.
Na produção vegetal, foram incluídas novas substâncias nas listas de produtos permitidos (ex: gás etileno para maturação de frutas, óleo mineral etc.)
Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1o8XBLL7I_1zvCafSAhiQzHs37y8ZEyR84oGcpoqOJmg/edit?hl=pt_BR
Mudanças mais significativas aconteceram nos itens relativos à produção animal.
Na produção vegetal, foram incluídas novas substâncias nas listas de produtos permitidos (ex: gás etileno para maturação de frutas, óleo mineral etc.)
quarta-feira, outubro 05, 2011
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