segunda-feira, abril 08, 2013

ATUALIDADES DA AGRICULTURA FAMILIAR E OS NOVOS-RURAIS

Por Lisa Tassi


Quem é que não se enche de bons humores ao contemplar uma paisagem natural? Matas, montanhas, rios, etc. Sentimento semelhante vem ao nos depararmos com campos cultivados, plantações, especialmente porque sabemos que neste caso, alguém está cuidando do local: a família rural, o agricultor.

Em nossa região, que se consolidou nos últimos anos com a produção de frutas por agricultores familiares, se destacam as culturas da uva, figo, morango e caqui, além da cana de açúcar.No entanto a realidade atual é bem diferente de 30 anos atrás, onde as fazendas e sítios eram altamente diversificados, incluindo o cultivo de milho, feijão, arroz e mandioca. Todos tinham algumas vacas para o leite do dia-a-dia e a agricultura era a realidade promissora de muitas famílias. Em função das mudanças e influências da “sociedade de consumo”, a prática agrícola infelizmente já não atrai mais tanto o agricultor ou mesmo o cidadão comum.

Uma das diretrizes do Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável da CATI(Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) Campinas - 2010-2014é justamente a revalorização e respeito da área rural da região. Dentre as ameaças ao contexto rural, citadas no Plano temos: 1) descapitalização; 2) mudanças de clima; 3) atravessadores; 4) exploração imobiliária; 5) êxodo rural; 6) mão-de-obra migrando para atividades não agrícolas; 7) pressão imobiliária sobre as áreas rurais; 8) crescimento urbano desordenado; 9) falta de segurança no meio rural (roubo de equipamentos e máquinas); 10) pressão do mercado consumidor quanto à adoção das boas práticas agrícolas. Com base nos dados do LUPA (Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo) e da CATI, a área cultivada com fruticultura nesta região vem diminuindo, assim como o número de unidades produtivas.

Outro dado, do jornal Folha de São Paulo, é que a idade média do produtor subiu e que este já não encontra mais sucessores, somente herdeiros. Assim, os agricultores familiares que ainda se mantém em atividade são verdadeiros “heróis da resistência”, pois toleram inúmeras dificuldades, especialmente as de cunho mercadológico, que englobam desde as imposições das grandes agroindústrias (oferta de sementes, agrotóxicos, etc.), assim como o escoamento da produção, que geralmente é em escala menor do que a dos grandes empreendimentos agrícolas. Apesar de tudo, o agricultor ainda tem encontrado alento nas opções de crédito e comercialização do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –PRONAF, além de cursos de capacitação gratuitos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, via sindicatos.

Mesmo com todos os limitantes rurais, é bem pouco provável que a agricultura seja extinta. A produção de alimentos, diferentemente da “indústria de futilidades”, é um serviço imprescindível e natural ao ser humano. Dessa forma, por mais que a agricultura familiar tradicional venhaperdendo destaque, um novo perfil de agricultorvem lentamente se mostrando, sendo denominado pelos acadêmicos como “novos-rurais”. São pessoas que se identificam com a agricultura e assim se conectam ao campo buscando empreenderuma vida rural em sintonia com a vida contemporânea, enfrentando desafios ainda maiores do que os encontrados pelos experientes homens do campo.Quer seja novo ou velho produtor, uma coisa é certa, as experiências do ambiente rural são infinitas, cheias de desafios, fartura e encanto, sendo dignas de serem vividas intensamente.

Artigo publicado no jornal de Itatiba dia 31 de março de 2013



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