terça-feira, dezembro 02, 2008

Ocupação Humana e as chuvas do Advento


Ocupação Humana e a Degradação ambiental

Minha origem católica reforça meus votos de fé nesse período em que estamos, o Advento. O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a") é o primeiro tempo que antecede o Natal (as quatro semanas). Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. (fonte: Wikkipédia).

Estamos também em tempo de crises: econômica, social e ecológica.

Com a chegada do verão, como em cada ano que se segue em nosso clima tropical da região sudeste, vieram as chuvas. E as chuvas, são as grandes bênçãos para os agricultores que as aguardam com muita ansiedade, após um inverno seco. E as chuvas, chegam para limpar, purificar, trazer a vida que faltava no chão rachado.

Mas... contraditoriamente, com as chuvas, vemos a “desgraça”. Inúmeras famílias desabrigadas em Santa Catarina e outros estados. Pobre coitada da água, que quer apenas cumprir o seu ciclo. E nesse caminho enfrenta dificuldades...ou melhor.. vai se adaptando da maneira possível... Cai, e do ponto mais alto, escorre para a parte baixa, para infiltrar e assim poder recomeçar.

Fiz esse semestre uma disciplina chamada “Desenvolvimento tecnológico e impacto nos Recursos Naturais” na Feagri-Unicamp. Discutimos sobre bacias hidrográficas e o ciclo hidrológico. A discussão em cima da ocupação humana, embora pouco apresentada durante o curso foi (é) a que mais me moveu ao realizar o trabalho da matéria. Tanto é que não realizei os cálculos de balanço hídrico, pedidos pelo professor e entreguei outro trabalho, sobre os impactos causados pelo homem no meio em que ele vive.

Voltando ao acontecido em Itajaí, muito temos refletido. Já fui algumas vezes à cidade, pois tenho um grande amigo que mora lá. Imaginar tudo o que temos visto pelas fotos e notícias incitam vários tipos de reflexão sobre a vida!Campanhas pelo Brasil todo em sensibilização ás vítimas. Debates e conclusões sobre possiveis culpados, que como sempre, as vezes são mascarados pela mídia.

O Brasil é o país mais abençoado do mundo com sua diversidade cultural e os estados do sul do país são considerados um expoente no que diz respeito a agricultura, especialmente a ecológica. Eventos desse tipo (lembremos o "furacão" que passou por lá outro dia) vem para trazer a reflexão a toda a nação. Reflexão sobre o contexto ecológico, econômico e social que estamos vivendo. Em crise todos estamos! Cada um em sua devida proporção, cada um com seu devido fardo a carregar. Não é a toa que a Catarina é Santa, ah.. não vamos esquecer que o "Paulo" também é!!!!

Segundo o site Carbono Brasil, em texto com título “Ocupação humana contribui para a tragédia de SC” (28/11/2008 - Autor: Paula Scheidt), especialistas afirmam que o processo de urbanização inadequada ajudou a provocar o desastre no estado. O modo como crescem as cidades, sem a devida atenção para os limites ambientais, aumenta a vulnerabilidade a desastres. “Cada vez mais, com a maior ocupação, construções irregulares, a situação ficará pior. Fatores como desmatamento também acabam contribuindo com o desastre”, ressaltando que, uma inundação como esta a 10 anos atrás não causaria tantos estragos.

Voltando ao meu trabalho, apresentei a precária condição de empreendimentos imobiliários que vem invadindo as cidades (com destaque para a minha terra natal: Valinhos, a terra do Figo roxo e dos condomínios residenciais) alterando profundamente a dinâmica ambiental das microbacias da região. No município de Jarinú, um condomínio, atualmente embargado, com asfalto e energia instalados, de nome “Lagos de Jarinu” apresenta sinais preocupantes de degradação ambiental. Solo descoberto, topo de morro desmatados (que teoricamente, pela Lei, pertencem a Áreas de Preservação Permanente – APP e portanto deveriam ser presevadao) causando assoreamento nos lagos na parte baixa ,é uma realidade. A mata que antigamente reinava,soberana continua cercando a área, sem saber por quanto tempo continuará por lá abrigando as espécies de aves e outros animais que lá vivem. Ao seu lado já começa a surgir um grande empreendimento da Jonhson & Jonhson que com certeza trará seus devido prejuísos ambientais.


Foto 1:Vista da rua, com placa utilizada no período de divulgação do lançamento do concomínio. Hoje o local está abandonado, com apenas algumas pessoas responsáveis pelo (livre) tráfego interno na portaria

Foto2: Área na parte alta do condomínio, com solo descoberto e areia sendo levada com a ação do vento e chuva


Tantos outros lugares onde a ocupação humana a anos veio destruindo sem se dar conta do problema que causariam e que continuará eclodindo em função de sua ganância em TER. Casas de luxo, cercadas por muros, em locais que vendem a tal qualidade de vida e a segurança. Condomínios como os Lagos de Jarinu, que iniciaram e pararam, ou mesmo os que já estão “estabilizados” e tantos outros empreendimentos que surgem pelo crescimento a todo custo. A crise tem o seu propósito. Temos que repensar os modelos, rever quais caminhos temos tomado e termos consciência de que o mal está feito. O homem já destruiu, já alterou, já estragou. Resta-nos agora, diante destes fatos, nos prepararmos para essa chegada. O advento que nos está reservado, com paz e alegria, pois sabemos que existem meios possíveis de se fazer a diferença.


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