sexta-feira, novembro 28, 2008

Economia Ecológica


Ontem assisti a uma palestra do Prof. AdemarR. Romeiro, do Instituto de Economia da Unicamp sobre “Sustentabilidade Ambiental na visão dos Economistas”, no espaço do CPFL Cultural (Café Folisófico) em Campinas. Foi muito interessante, ainda mais porque o livro dele “Economia do Meio Ambiente: teorias, políticas e a gestão de espaços regionais” é uma das referências para uma prova que irei fazer em breve. Escrevo aqui, com embasamento nesses estudos de Economia Ecológica.
Todo ecossistema possui uma Capacidade de suporte. Segundo Romeiro, os fatores para se chegar ao desequilíbrio são dois:
1) A reprodução descontrolada de uma das espécies do ecossistema
2) A quebra do equilíbrio bioquímico por mudança que vão além da Capacidade de suporte.
A questão colocada é: chegamos num consenso quando afirmamos que a população Humana não pode crescer indefinidamente, porém, o consumo per capita pode! As atividades produtivas destinadas à satisfação das necessidades de consumo implicam na geração de resíduos e em gasto de energia. O problema mais famoso que temos é o Efeito estufa, que significa queimar petróleo, que foi acumulado por centenas de anos e que no final das contas nada mais é que Energia Solar que transformou a Matéria orgânica.
Romeiro reforça o caminho natural de substituição da matriz energética, por uma Energia Limpa Infinita (através do Sol e foi citada a Energia Nuclear limpa – para esse tipo de energia, necessita-se de grande quantidade de água para dissipar o calor gerado pela energia). O petróleo, principal fonte energética utilizada atualmente, além de ser um recurso limitado é altamente poluidor. Num âmbito geral, houve uma redução geral da poluição por unidade/produto, porém a poluição global aumentou.
Os limites Termodinâmicos da Terra são um dos principais argumentos dos Economistas Ecológicos, que se contrapõe aos Economistas clássicos que admitem que o Universo é infinito, portanto a utilização indiscriminada dos recursos naturais não é levada em conta. Os Eco-eco reconhecem que há limites na Terra, e concluem que o crescimento econômico tem que parar (segunda lei da termodinâmica – lei da Entropia).
Romeiro especula que no ano de 2100, talvez a Terra alcance um ponto de distribuição igualitária dos recursos, mas reforça que a conscientização (via informação) para o compromisso com as futuras gerações é que faz os Economistas ecológico pensarem como pensam. Os longos prazos já não estão mais tão longos, a exemplo da China e Índia, onde os limites termodinâmicos estão ficando cada vez mais evidentes, com todos os rios poluídos.
Novamente em contraponto a visão dos economistas convencionais, de que tudo é reversível, Romeiro traz o conceito de resiliência ecossistêmica (como se fosse uma elasticidade), que não é linear e não é proporcional. A partir do momento que alcançarmos o ponto de inflexão a curva virará exponencial e aí teremos uma ruptura. Não sabemos onde está, atualmente, o ponto de resiliência (o Protocolo de Kyoto foi feito a partir desse embasamento), por isso necessita-se de precaução. Vivemos um período de Incerteza ecossistêmica para os grandes fenômenos.
Voltamos ao ponto chave, a Sociedade de Consumo. Os indivíduos são empurrados à consumirem sem fim, como se o consumo tivesse alguma relação com a Felicidade. Ultimamente andei lendo algumas coisas a respeito de trabalhos em alguns países sobre o FIB – Felicidade Interna Bruta. Uma forma de se calcular a satisfação das pessoas de determinado local, obrigando-nos a refletir sobre o desejado Produto Interno Bruto.
Tudo é altamente relativo. A partir de certo momento, o consumo é cada vez mais social, de “demonstração” de renda e capacidades de se ganhar dinheiro. Perde então sua função essencial, de suprir necessidades!
Não existe receita para se alterar a sociedade em que vivemos. É um desafio cultural gigantesco a ser superado. Ela tem que ser uma construção democrática, já que não existem modelos prontos. Surgiram ideologias que acreditam num pacote pronto, mas isso é a Utopia ecológica. Este processo é algo novo que deverá ser alcançado através da Informação, num processo de Conscientização Ecológica.
Após a abertura para questionamentos do público surgiram pontos como: a Valoração dos recursos; qual a proposta para a mudança da sociedade; políticas públicas e ações concretas existentes,etc. Atualmente existem 400 economistas Ecológicos cadastrados! O CNPq aprovou projeto de pesquisa recentemente com o tema, que obviamente é muito marginal frente ao contexto global e econômico que estamos inseridos.
Assim como a Agroecologia (e também pertencente a ela), a Economia Ecológica tem muitos desafios, já que a quantificação do meio ambiente é muito relativa e abstrata, e a abstração é tudo o que os cientistas tradicionais repudiam. O rigor científico ainda continua sendo exigência, tanto no meio acadêmico, quanto do dia-a-dia econômico de nosso mundo. Infelizmente, acho que as pessoas acabarão acordando tarde para a necessidade de expandir a análise sobre o mundo como um todo. Sobre o planeta Terra, nossa forma de uso (e consumo) dos recursos, a forma como cada um trata a si mesmo, ao próximo, desrespeitando seu corpo, seu lar, seu município, sua nação, seu planeta. Eu já escolhi a algum tempo o caminho que vai contra essa corrente, ou melhor, que vai definitivamente, a favor da Natureza, considerando o Ser humano como parte fundamental desse Ecossistema.
Termino com o famoso "Tripé da Sustentabilidade" que procura juntar os níveis social, ambiental e econômico. Reforço a importância do aspecto social, que de certa forma é o que norteia todo o resto, pois vivemos numa sociedade altamente povoada (pelo Bicho pensante Homem) e regida por valores confusos ou pouco conscientes. A transformação do sistema que vivo continuará sendo uma das minhas bandeiras, através da Educação Ambiental.

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