quarta-feira, junho 16, 2010

Em defesa da comida


Livro de Michael Pollan... pela livraria da Folha (de São Paulo), sai por 9,90!

Já postei sobre o outro livro dele aqui no blog: http://domatoaoprato.blogspot.com/2009/01/o-dilema-do-onvoro.html


Sinopse


Neste manifesto a favor de uma alimentação de verdade, Michael Pollan nos prova que, em vez de alimentos, somos levados a ingerir "substâncias comestíveis parecidas com comida". O autor denuncia as razões para nossa alimentação se basear em produtos processados colocados à disposição de acordo com as prioridades da agroindústria e da indústria alimentícia, e conforme os dogmas da ciência da nutrição. o Nutricionismo! Pollan investiga também os motivos de a maior parte dos alimentos da dieta ocidental ser comercializada com destaque de seus benefícios à saúde. Hoje os comestíveis anunciam "vitaminas", "baixo teor de gordura" ou "enriquecimento" com ômega-3, ferro, magnésio, soja - e uma série de elementos pretensamente saudáveis, que variam conforme campanhas de marketing fundamentadas em diretrizes econômicas e/ou governamentais. Em defesa da comida ressalta que esse deve ser o primeiro sinal de alerta. Afinal, quatro das dez principais causas de morte na atualidade são doenças crônicas ligadas à alimentação: distúrbios coronarianos, diabetes, AVC e câncer. Se nos falta comida de verdade - aquela que nossas avós reconheceriam como comida e que dispensava rótulos com as porcentagens de adição de substâncias benéficas, nutrientes, teor calórico ou índices de gorduras -, o autor mostra o que de fato aconteceu e desvirtuou a cadeia alimentar. Por isso ele indica o que fazer propondo hábitos simples e libertadores: Coma comida. Não muita. Principalmente vegetais.

E falando nisso.... a nova problemática, tambem citada por Pollan em seu livro.. a ORTOREXIA!:

Excesso de zelo pelos alimentos pode gerar mal da ortorexia

Por Cecília Dionizio
FAPESP

Conferir duzentas vezes os rótulos dos alimentos, não comer nada fora de casa e ainda por cima não se abster de ingerir a quantidade de nutrientes que o organismo precisa pode ser uma tarefa difícil.

Em geral, quando não se alcança este objetivo, a conseqüência é uma anemia ou outros distúrbios alimentares. Pode se tornar um problema quando está acima da capacidade da pessoa administrar o excesso de preocupação com a comida, algo que tem sido denominado de ortorexia.

De origem grega, a palavra é um neologismo baseado no grego: orthós, e significa correto e verdadeiro, enquanto oréxis quer dizer apetite. Daí porque o termo ortoréxico tem sido associado aos fanáticos por comidas saudáveis.

A psicóloga Cláudia Grisi Mouraria, de Rio Preto, especialista em distúrbios alimentares, diz que estas pessoas têm por característica manter uma importante rigidez, em nome de um organismo livre de impurezas.

A psicóloga observa que a ortorexia é um distúrbio recente, caracterizado por uma busca obsessiva pelos alimentos saudáveis e/ou esterilizados.

E hoje, já se aventa a possibilidade de estar ligado a algum transtorno obsessivo-compulsivo ou ainda, ser o início de anorexia. Embora já venha sendo diagnosticado de forma esporádica nos consultórios médicos, não existem dados estatísticos sobre o mal, e tampouco consta no cadastro oficial do Ministério da Saúde, na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). "De fato ainda não se sabe como caracterizar o problema, se como um transtorno obessivo-compulsivo ou um transtorno alimentar", afirma a psicóloga.

Contar com um olhar mais atento para si e identificar o problema, na opinião de Cláudia Grisi, é algo um tanto difícil de acontecer, pois nestes casos a auto-avaliação não é um método muito seguro.

"Dificilmente, quem está com um problema desses reconhece que a preocupação alimentar chegou a tal ponto que configura um desequilíbrio", afirma.

De acordo com a psicóloga, as pessoas não se dão conta que estão entrando em sofrimento pela questão alimentar. "Elas têm a sensação de estarem fracassando em seu objetivo, têm comportamentos que prejudicam o convívio social etc. Isso quer dizer que as pessoas, na maior parte das vezes, buscam ajuda por apresentar algum tipo de dificuldade e sofrimento decorrente do distúrbio, sem reconhecer que estão 'doentes'", afirma.

Depoimentos:

"Depois que um parente muito próximo, uma tia, teve problemas de colesterol e quase morreu, minha família toda passou a olhar melhor o que entrava em nossa geladeira. Cortamos todas as gorduras e aumentamos o consumo de legumes, principalmente, as crianças. No começo foi difícil, mas hoje, já são três anos sem comer uma bolacha recheada, por exemplo. No meu trabalho ando o dia todo, por isso é complicado, às vezes, ter uma alimentação ideal, mas cheguei ao ponto em que prefiro esperar um pouco para comer de forma saudável, do que comer qualquer coisa. Hoje, troquei o óleo comum por azeite, não como nenhum tipo de massa que não seja integral e pão só de vez em quando. Além disso, tenho todo cuidado do mundo com o uso de molhos de tomate e condimentos como maionese e katchup - que prefiro fazer eu mesmo, em casa. Emagreci uns dez quilos desde então, mas tenho mais energia para muito mais coisas agora"

M.Q. 21 anos, estudante, voluntário em Rio Preto
Comecei a comer frutas para emagrecer, mas com o tempo passei a achar que era mais saudável e higiênico, pois minhas fezes deixaram de ter um cheiro ruim. Foi então que comecei a me interessar por tudo que como. E hoje já não como mais nada fora de casa. Sempre levo o que vou comer por onde vou.

S.B. 39 anos, garçonete

Saiba mais:

Alguns sinais para a percepção da ortorexia:

: Rigidez nos hábitos alimentares e/ou exagero na "alimentação saudável"

:: Ocupação de grande parte do tempo com a compra, o planejamento e/ou detalhamento do cardápio

:: Preocupação excessiva com a origem do alimento

:: Tentativa de controle sobre a alimentação de outras pessoas

: Restrição do convívio social, devido a limitações no hábito alimentar

:: Limitação da alimentação ao aspecto fisiológico e exclusão do aspecto prazeroso.

Fonte: Cláudia Grisi Mouraria, psicóloga especializada em nutrição



Risco é não saber diagnosticar o mal

Os ortoréxicos podem ter uma alimentação saudável, baseada na ingestão de alimentos naturais, macrobióticos. Porém, a preocupação, segundo a psicóloga, é com o fato da alimentação não ser diversificada, o que pode trazer prejuízo nutricional.

"O controle muito rígido sobre a alimentação dificulta o acesso aos alimentos e ao convívio social, presente no hábito alimentar", afirma. Quem entra nesta de alimentação saudável começa normalmente banindo a carne e as massas da alimentação. Isto sem falar nos alimentos industriais, o que pode acabar por se tornar tão restritivo que quando se apercebe só se alimenta de frutas; também retira tudo que é corante e outros ingredientes para não contaminar o corpo, com isto, a pessoa se torna obsessiva.

O médico Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo, declarou em entrevista a uma publicação científica recentemente, que embora ainda sejam números diminutos, o fato é que a ortorexia é uma busca patológica pelo corpo perfeito ou pelo estilo de vida saudável.

"São pessoas que só fazem algo se for determinante para a saúde. Até seria interessante, se não fosse levado ao extremo. É o mesmo caso de quem sofre de vigorexia, a pessoa não é capaz de ficar sentada um minuto simplesmente porque acha que não está gastando calorias", salienta o médico.

Por este motivo, e pela ausência de informações mais precisas sobre o problema, Fisberg alerta que é preciso tomar cuidado para não confundir transtornos alimentares com comportamentos alimentares alterados. Para determinar o diagnóstico, é necessária uma avaliação psiquiátrica. "Fazer dieta é um dos critérios que se utilizam para determinar o diagnóstico. Mas fazer dieta pode ser normal ou patológico, do mesmo modo que vomitar depois de comer demais pode ser uma característica patológica ou representar uma fase de risco. Para se classificar como bulimia, é preciso que o comportamento seja repetitivo e existam outros sintomas, como a ingestão alimentar excessiva e culpa associada à tentativa de eliminação", declara o médico no artigo da Fapesp.






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