terça-feira, maio 26, 2009

A intimidade do ato de comer

Direto do informativo (terça - 26!, hoje) do Sítio a Boa Terra

A intimidade do ato de comer
Certo dia estava em São Paulo para fazer compras, em companhia da minha filha que morava lá. Terminando as compras iríamos almoçar num restaurante vegetariano que ela chegou a conhecer semanas antes, com ambiente agradável e pratos saborosos. Porém, atrasamos no nosso esquema e o jeito era comer num restaurante na região onde estávamos. Por falta de opção acabamos subindo uma escadaria deparando com um restaurante grande e desleixado, com buffet pouco atraente. Fugir ou ficar? Em vista da hora e nossa fome decidimos ficar. Ingerimos a comida sem gosto, desconfiadas até da falta de higiene no preparo.
De volta na rua senti um grande incômodo. Pela primeira vez me dei realmente conta o quanto comer é um ato íntimo. Aquilo que como, entra dentro do meu corpo, e mais, vai fazer parte do meu sangue. “O que fiz comigo, com meu corpo?!” Era como se tivesse sujado meu corpo por dentro, e não tinha jeito de limpar. Foi uma sensação horrível. Isso nunca mais! Mais do que nunca percebi o quanto meu corpo me é sagrado.
Descobri que não só o ato sexual é algo muito íntimo, também o é o ato de comer. Estranho que em relação a algo tão íntimo quanto à comida que comemos, em geral o único critério que usamos é se é gostoso ou não. Não olhamos a procedência, a forma de produção, o valor nutritivo, os riscos dos aditivos químicos. Não nos damos conta o quanto isso nos faz vulneráveis. Vulneráveis principalmente aos interesses estritamente econômicos de grandes corporações que contam com nossa ingenuidade.
Na semana passada estive numa palestra sobre alimentos trangênicos com um dos membros do *CTNBio, o professor José Maria Guzman Ferraz e com Jeffrey Smith presidente do Institute for Responsible Technology, que estava no Brasil para o lançamento do livro “Roleta Genética – riscos documentados dos alimentos transgênicos sobre a saúde”(Ed. João de Barro). Assim fiquei sabendo que hoje o Brasil ocupa o 1º lugar no mundo em venda de agrotóxicos. Ouvi novamente que com a introdução da soja transgênica round-up ready no Brasil, a lei permite uma quantia de resíduos de glifosato (ingrediente principal do herbicida Round-up) 50 vezes mais alto em nossos alimentos do que antes dos transgênicos! O herbicida é usado fartamente na soja transgênica. Também foi assustador saber que com o Milho BT é como se em cada célula da planta tem um minúsculo spray pulverizando inseticida. No final do ciclo produtivo estas células são incorporadas ao solo matando micro-organismos e vai para a água. Pior, comendo as espigas, seus grãos vão continuar seu trabalho no nosso intestino que pode se tornar uma pequena fábrica de inseticida!
Vamos deixar fazer isto com nosso corpo? Vamos pôr a saúde da humanidade em risco desnecessário? Ajude a banir os transgênicos do planeta. E nesta Semana dos Alimentos Orgânicos seja ativo e conquiste um parente, amigo ou colega para se tornar um consumidor orgânico. Afinal é o que há de melhor para valorizar sua saúde e a vida no Planeta.
Tini Schoenmaker Stoltenborg
* CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biosegurança (decidem sobre a liberação de sementes transgênicas).
Acesse:
www.responsibletechnology.org
www.greenpeace.org.br (este site é super prático e dá a lista vermelha de marcas que usam transgênicos e as marcas e produtos seguros).

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